Deus Acaso, com inveja da sublime criação perfeita do misericordioso Deus Misericórdia, fez surgir três malévolos apóstolos: o “Caos”, a “Entropia” e a “Contingência”, para que juntos fizessem uma criação mais perfeita que o perfeito planeta Progredior. O Deus Acaso, invejoso e entediado que estava, criou o planeta Terra e todas as coisas. Após criar seu mundo, enviou seu dileto apóstolo, o Caos, para que reinasse absoluto. Criou no seu planeta Terra todos os seres vivos, inclusive os humanos. Deu-lhes um verdadeiro parque de diversões de emoções e sensações, com uma terrível armadilha, contudo. Presenteou alguns humanos, não todos – enfatizou zombeteiro – com invejável capacidade intelectual e de aprendizado. Tomaram, desesperados, ciência da finitude, que a vida expira, acaba, desaparece. Qual o propósito, qual o objetivo da existência? A vida simplesmente acaba como uma vela que se apaga? Seus sábios, seus filósofos e pensadores, puseram-se a tentar entender o significado da existência, entretanto, por mais que refletissem, estudassem ou pensassem, conseguiam apenas enxergar a finitude dessa existência. Sim, Aristeu, humanos têm ciência da Morte, ciência do fim inexorável. Desesperados, no ocaso da existência esperando, aflitos, a visita daquela velha senhora, sempre à espreita, desejando somente que essa visita ocorra num futuro muito, muito distante, que quando acontecer seja rápida e indolor e que, ademais, a terra que os vai cobrir por toda a eternidade lhes seja leve. Os humanos foram atirados pelo seu cruel Deus Acaso, através do Profeta Caos, num pântano de areia movediça. A existência humana assenta-se sobre areia movediça dragada inexoravelmente para as profundezas do desconhecido, do Nada, uma existência dolorosa, ciente da inexorável finitude. Quanto mais se debatem, tentando lutar contra essa areia movediça sob seus pés, maior o desespero, mais afundam. A dolorosa existência cegou os pobres humanos. Além da crueldade de serem “agraciados” com inteligência, podendo prever seu miserável destino final, “agraciou-os” também com Esperança. Suprema ironia! O desespero com a finitude, juntamente com esperança de escapar da areia movediça que os traga lenta, porém, inexoravelmente, criaram a Fé. A Fé dos humanos é filha dileta do enlace entre o desespero e a esperança, Fé que você não abandonou, mas que abandonou você. Fé inconsequente num improvável deus benevolente, ou mesmo em qualquer sandice ideológica que os faça acreditar, mesmo numa réstia de tola esperança, que poderiam safar-se da areia movediça que os traga lentamente, puxando-se para cima pelos próprios cabelos.
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Este texto é apenas uma entre as muitas heresias filosóficas do livro “Tudo vale a pena, quando a grana não é pequena…?!”
Um convite honesto (e ácido) à única dúvida que importa: Resignação ou Suicídio?
Garanta o seu e descubra por que a esperança é só mais uma armadilha.